sexta-feira, 14 de março de 2008

Cancro: tratamento revolucionário

Todo o processo de investigação na área do cancro é muito complicado, mas o objectivo final dos investigadores Valdemar Máximo e Jorge Lima, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), promete ser revolucionário: querem ir mais longe e apostam na descoberta de um tratamento mais eficaz do que a radioterapia e a quimioterapia e sem efeitos secundários.

A investigação centra-se no DNA das mitocôndrias, uma componente das células cujo função principal é produzir energia através do oxigénio, para além de terem um papel importante na morte das células (apoptose). Ora, sabe-se que o DNA mitocondrial é sujeito a muitas mutações durante a nossa vida, mas também pode ser herdado através da mãe.

Estes investigadores do Ipatimup estão precisamente a tentar verificar se estas mutações são importantes para o desenvolvimento das células malignas (ou tumorais). Isto porque as mutações fazem com que as mitocôndrias produzam menos energia e, ao mesmo tempo, diminuem a capacidade das células morrerem.

Acontece que as células malignas sobrevivem com níveis muito baixos de oxigénio (não têm vasos sanguíneos em quantidade suficiente para levar oxigénio) e produzem energia através de glicólise. Se a isto juntarmos o facto de não ocorrer morte celular significa que as células cancerígenas se multiplicam e acumulam-se no organismo.

A equipa de Valdemar Máximo e Jorge Lima pretende mostrar que as mutações mitocondriais criam estas condições favoráveis para o desenvolvimento das células tumorais. A partir daí querem conhecer todo o mecanismo através do qual tudo isto acontece para, depois sim, atacar o mecanismo.

Sendo que as células cancerígenas produzem energia através da glicólise, «podemos utilizar uma droga que iniba a glicólise», explicam. «Ao inibirmos a glicólise matamos apenas as células tumorais e não as outras (as sãs), como acontece, por exemplo, com a radioterapia e a quimioterapia», acrescentam.

Assim contado, parece tudo muito simples e lógico, mas Valdemar Máximo e Jorge Lima sabem que têm muitos anos de investigação pela frente. E até podem não ser os primeiros a conseguir chegar a esta «revolução» na área do tratamento do cancro, já que há outras equipas no mundo a estudar o DNA mitocondrial.

O stress provoca mutações mitocondriais

Para além das mutações nas mitocôndrias serem herdadas através da mãe, há outras mutações que vão acontecendo ao longo da nossa vida, algumas das quais ocorrem devido ao stress das células. E como é que isso acontece? Valdemar Máximo explica: «A gordura e o colesterol, por exemplo, fazem com que as células não recebam oxigénio nem nutrientes e fiquem stressadas».

Mas há outros factores que aumentam as alterações mitocondriais porque são oxidantes: (maus) hábitos alimentares, stress e poluição. E estes podem ser alterados.

A título de curiosidade, saiba que um dos frutos mais anti-oxidante é a romã e um dos legumes é a cenoura. Já agora, o vinho tinto também tem essas características.

Todo o nosso organismo é extramente complexo, tal como nos mostra o texto. Confiemos nos profissionais e esperemos que a investigação resulte e seja um tratamento de cura excepcional.

www.iol.pt

Sem comentários: