Cancro: «há mais riscos numa chávena de café»
O risco de cancro devido aos restos de pesticidas em alimentos, como frutas ou verduras, «é exagerado, pois há mais riscos de cancro numa chávena de café», mostra um estudo divulgado hoje pelo investigador Bruce Ames.
Ames, da Universidade norte-americana de Berkeley, expõe os resultados de um estudo efectuado em ratos que prova que, entre os factores causadores de cancro, uma pequena parte é devida a riscos ambientais e uma grande parte deve-se a má alimentação.
O cientista realça a necessidade de regular o limite máximo de fitossanitários nos alimentos mas defende que a sua ingestão comporta menos riscos cancerígenos do que o consumo de álcool. Adianta, inclusivamente, que «é pior deixar de comer verduras, o que afecta o sistema imunológico e causa doenças».
Ames explicou à imprensa que apenas um por cento dos casos de cancro resulta de factores ambientais - entre os quais a ingestão de pesticidas - enquanto que 30 por cento são derivados do consumo de tabaco e 35 por cento de dietas pobres em frutas e verduras e com um consumo exagerado de calorias.
Citando dados da União Europeia, as maiores «contribuições energéticas» dos consumidores europeus são as pizzas, o arroz, os bolos, as batatas fritas e os hambúrgueres, e não os vegetais. Em relação aos fitossanitários, o investigador afirmou que em três chávenas de café «há mais restos de resíduos cancerígenas» do que os fitossanitários que uma pessoa pode ingerir durante um ano comendo vegetais e fruta. Como exemplos, Ames apontou o risco 15 vezes superior de encontrar substâncias tóxicas num copo de vinho do que em 125 gramas de alface e esclareceu que, na cerveja, o risco seria nove vezes maior.
Segundo Ames, é um «falso mito» a ideia do dano extremo dos pesticidas químicos e frisou que as plantas muitas vezes produzem elementos tóxicos e cancerígenos naturais, pelo que «não é mais seguro ingerir alimentos ecológicos». A solução passaria, então, na opinião do especialista, por aumentar o consumo geral de frutas e verduras.
Por vezes descobrem-se coisas impensáveis para o senso comun. Contudo, é importante que a sociedade se consciencialize e tenha atenção nos seus hábitos diários.
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