Os instrumentos clínicos dão lugar aos musicais duas vezes por semana no Hospital Garcia de Orta, Almada, onde crianças internadas, pais e profissionais de saúde fazem parte de uma «orquestra» que toca melodias para fazer esquecer a dor.
Desde há dois anos que as manhãs de segunda e quinta-feira se tornaram mais alegres no estabelecimento hospitalar graças ao «Música nos Hospitais», um projecto com músicos profissionais que pretende humanizar os cuidados de saúde nos hospitais e instituições de idosos.
À hora marcada, Ana Paula Góis e Diana Matos chegam ao hospital. Cuidadosamente, começam a encher um carrinho com vários instrumentos musicais coloridos, alguns deles feitos pelos músicos com cascas de nozes e outros materiais, caixinhas de música e espanta-espíritos que vão ser partilhados com os doentes, familiares e profissionais.
De seguida, vestem uma bata e percorrem todas as camas dos serviços de pediatria e obstetrícia do hospital. A primeira paragem é na Unidade de Cuidados Intensivos pediátrica, onde Gonçalo, oito anos, esperava ansioso pelas músicas.
Mal ouve as vozes de Ana Paula e Diana, Gonçalo rasga um sorriso porque já sabe que vai viver um momento mágico proporcionado por uma música melodiosa que, por momentos, o faz esquecer que está no hospital.
Na cama ao lado, Margarida, dois anos, acompanha todos os gestos das instrumentistas e escuta atentamente as canções à espera de poder interagir com as instrumentistas.
A pouco e pouco, as crianças, as mães e enfermeiras entraram no ritmo, acompanhando-o com vários instrumentos e objectos que imitam sons de animais, que transformaram a enfermaria num espaço muito alegre e familiar.
«Já não basta o que elas passam aqui, pelo menos que tenham algum momento de alegria e pensarem que não estão dentro do hospital», sublinha.
Para Dulce Guerreiro, enfermeira da Unidade de Cuidados Intensivos pediátrica, a música tem um efeito «bastante tranquilizador» para as crianças, mas também para os profissionais de saúde.
«Para nós também é uma música diferente, não são os alarmes dos monitores, nem da medicação. É um alívio, um retirar do stress e da situação que se vive na sala», sustenta.
Clara Rocha, enfermeira do serviço de Neonatologia, considera que esta iniciativa «faz todo o sentido», porque «alivia a dor» e faz com que as crianças tenham menos medo dos hospitais.
Este texto da-nos a conhecer uma iniciativa extremamente importante para não se criar nas crianças o medo pelos hospitais que lhes são tão úteis e onde têm que passar tanto tempo. É uma iniciativa inovadora para proporcionar um estado de tranquilidade e possibilitar a todos um melhor tratamento.
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