sábado, 15 de março de 2008

Música no hospital para esquecer dor

Os instrumentos clínicos dão lugar aos musicais duas vezes por semana no Hospital Garcia de Orta, Almada, onde crianças internadas, pais e profissionais de saúde fazem parte de uma «orquestra» que toca melodias para fazer esquecer a dor.

Desde há dois anos que as manhãs de segunda e quinta-feira se tornaram mais alegres no estabelecimento hospitalar graças ao «Música nos Hospitais», um projecto com músicos profissionais que pretende humanizar os cuidados de saúde nos hospitais e instituições de idosos.

À hora marcada, Ana Paula Góis e Diana Matos chegam ao hospital. Cuidadosamente, começam a encher um carrinho com vários instrumentos musicais coloridos, alguns deles feitos pelos músicos com cascas de nozes e outros materiais, caixinhas de música e espanta-espíritos que vão ser partilhados com os doentes, familiares e profissionais.

De seguida, vestem uma bata e percorrem todas as camas dos serviços de pediatria e obstetrícia do hospital. A primeira paragem é na Unidade de Cuidados Intensivos pediátrica, onde Gonçalo, oito anos, esperava ansioso pelas músicas.

Mal ouve as vozes de Ana Paula e Diana, Gonçalo rasga um sorriso porque já sabe que vai viver um momento mágico proporcionado por uma música melodiosa que, por momentos, o faz esquecer que está no hospital.

Na cama ao lado, Margarida, dois anos, acompanha todos os gestos das instrumentistas e escuta atentamente as canções à espera de poder interagir com as instrumentistas.

A pouco e pouco, as crianças, as mães e enfermeiras entraram no ritmo, acompanhando-o com vários instrumentos e objectos que imitam sons de animais, que transformaram a enfermaria num espaço muito alegre e familiar.
Sónia Francisco, mãe da Margarida, emocionou-se ao ver a filha a reagir à música, agitando os «shakers» ao sabor do ritmo.
«Fico muito feliz, é sinal que está a melhorar», diz Sónia, que desconhecia o projecto, mas desde logo reconheceu a sua importância para quem está internado.

«Já não basta o que elas passam aqui, pelo menos que tenham algum momento de alegria e pensarem que não estão dentro do hospital», sublinha.

Para Dulce Guerreiro, enfermeira da Unidade de Cuidados Intensivos pediátrica, a música tem um efeito «bastante tranquilizador» para as crianças, mas também para os profissionais de saúde.

«Para nós também é uma música diferente, não são os alarmes dos monitores, nem da medicação. É um alívio, um retirar do stress e da situação que se vive na sala», sustenta.

Clara Rocha, enfermeira do serviço de Neonatologia, considera que esta iniciativa «faz todo o sentido», porque «alivia a dor» e faz com que as crianças tenham menos medo dos hospitais.

Este texto da-nos a conhecer uma iniciativa extremamente importante para não se criar nas crianças o medo pelos hospitais que lhes são tão úteis e onde têm que passar tanto tempo. É uma iniciativa inovadora para proporcionar um estado de tranquilidade e possibilitar a todos um melhor tratamento.

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Descoberto gene que condiciona leucemia

Investigadores do Instituto Catalão de Oncologia (Espanha) identificaram pela primeira vez um gene que condiciona a resposta dos doentes de leucemia ao transplante de medula óssea.

Cientistas espanhóis do Laboratório de Investigação Translacional analisaram 536 transplantes de medula procedentes de doadores compatíveis (irmãos dos doentes) em 19 hospitais daquele país e afirmam, no estudo publicado na revista médica Blood, que a sobrevivência do transplantado varia notavelmente com a variedade do gene do doador.

O tratamento da leucemia aguda e de outros cancros hematológicos é altamente complexo e prolongado e baseia-se em quimioterapia e na realização de um transplante de células-mãe, que podem ser do próprio paciente ou de um doador compatível, geralmente um irmão do paciente.

No entanto, a resposta aos transplantes é variável, sendo que em metade dos casos aparecem complicações cuja origem se desconhece.

O trabalho desenvolvido pelos investigadores apresenta um mecanismo relacionado com o gene CTLA-4, que poderá explicar as diferenças existentes na aparição das complicações.

Através deste mecanismo, os investigadores pensam que seja possível prever as «possíveis complicações e aplicar tratamentos adaptados às particularidades de cada paciente».

Os investigadores descobriram que dependendo da variedade que o gene do doador tem, a sobrevivência dos doentes de leucemia que receberam um transplante oscila entre 56 e 70 por cento.

De acordo com os especialistas, caso se confirmem estes resultados, «deverá analisar-se o gene CTLA-4 do doador antes de levar a cabo o transplante».

Os cientistas descobriram que os pacientes que recebem células procedentes de doadores com o polimorfismo «CT60 AG» ou «CT60 GG» têm uma maior probabilidade de sofrer recaídas e consequentemente uma possibilidade de sobrevivência mais baixa (56,2 por cento após 5 anos), do que aqueles que recebem células com a variedade «CT60 AA» (sobrevivência de 69,8 por cento).

Os investigadores sugerem que as variantes «CT60 AG» e «CT60 GG» tornem o sistema imunitário mais tolerante, provocando, por um lado, uma menor reacção contra os tecidos do paciente e, por outro, um menor ataque às células malignas que não foram atingidas pela quimioterapia, pelo que os pacientes têm mais recaídas.

No caso de estes resultados se confirmarem em outros trabalhos de investigação, os especialistas aconselham que, nos casos em que um doente tenha mais de um doador compatível (irmão), se escolha aquele com o polimorfismo «CT60 AA».

Uma doença dramática ao nível da imunidade, como é a leucemia, pode ter solução com um transplante de medula óssea, mas uma incompatibilidade ou uma rejeicção pode ser o fim de tudo! Apela-se a que as pessoas aumentem o número de dadores em todo o mundo, porque sem qualquer consequência se consegue salvar vidas. Pensemos e ajudemos o outro porque no futuro pode ser qualquer um de nos a precisar de uma ajuda preciosa!

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sexta-feira, 14 de março de 2008

Cancro: tratamento revolucionário

Todo o processo de investigação na área do cancro é muito complicado, mas o objectivo final dos investigadores Valdemar Máximo e Jorge Lima, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), promete ser revolucionário: querem ir mais longe e apostam na descoberta de um tratamento mais eficaz do que a radioterapia e a quimioterapia e sem efeitos secundários.

A investigação centra-se no DNA das mitocôndrias, uma componente das células cujo função principal é produzir energia através do oxigénio, para além de terem um papel importante na morte das células (apoptose). Ora, sabe-se que o DNA mitocondrial é sujeito a muitas mutações durante a nossa vida, mas também pode ser herdado através da mãe.

Estes investigadores do Ipatimup estão precisamente a tentar verificar se estas mutações são importantes para o desenvolvimento das células malignas (ou tumorais). Isto porque as mutações fazem com que as mitocôndrias produzam menos energia e, ao mesmo tempo, diminuem a capacidade das células morrerem.

Acontece que as células malignas sobrevivem com níveis muito baixos de oxigénio (não têm vasos sanguíneos em quantidade suficiente para levar oxigénio) e produzem energia através de glicólise. Se a isto juntarmos o facto de não ocorrer morte celular significa que as células cancerígenas se multiplicam e acumulam-se no organismo.

A equipa de Valdemar Máximo e Jorge Lima pretende mostrar que as mutações mitocondriais criam estas condições favoráveis para o desenvolvimento das células tumorais. A partir daí querem conhecer todo o mecanismo através do qual tudo isto acontece para, depois sim, atacar o mecanismo.

Sendo que as células cancerígenas produzem energia através da glicólise, «podemos utilizar uma droga que iniba a glicólise», explicam. «Ao inibirmos a glicólise matamos apenas as células tumorais e não as outras (as sãs), como acontece, por exemplo, com a radioterapia e a quimioterapia», acrescentam.

Assim contado, parece tudo muito simples e lógico, mas Valdemar Máximo e Jorge Lima sabem que têm muitos anos de investigação pela frente. E até podem não ser os primeiros a conseguir chegar a esta «revolução» na área do tratamento do cancro, já que há outras equipas no mundo a estudar o DNA mitocondrial.

O stress provoca mutações mitocondriais

Para além das mutações nas mitocôndrias serem herdadas através da mãe, há outras mutações que vão acontecendo ao longo da nossa vida, algumas das quais ocorrem devido ao stress das células. E como é que isso acontece? Valdemar Máximo explica: «A gordura e o colesterol, por exemplo, fazem com que as células não recebam oxigénio nem nutrientes e fiquem stressadas».

Mas há outros factores que aumentam as alterações mitocondriais porque são oxidantes: (maus) hábitos alimentares, stress e poluição. E estes podem ser alterados.

A título de curiosidade, saiba que um dos frutos mais anti-oxidante é a romã e um dos legumes é a cenoura. Já agora, o vinho tinto também tem essas características.

Todo o nosso organismo é extramente complexo, tal como nos mostra o texto. Confiemos nos profissionais e esperemos que a investigação resulte e seja um tratamento de cura excepcional.

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Livro infantil: «O meu irmão tem cancro»

Um livro infantil que explica, numa «linguagem simples», o cancro aos irmãos das crianças com a doença é apresentado pela associação Acreditar, para assinalar o Dia Internacional da Criança com Cancro.

«É uma história simples, numa linguagem simples, que retrata uma família de pai, mãe e três irmãos, dos quais um fica com cancro. Ao longo da história vai-se explicando por que é que o irmão doente tem mais atenção da mãe, por que não quer brincar, o que são os diversos tratamentos e abordando todos os sentimentos que os irmãos têm ao viver esta situação», explicou a voluntária da Acreditar Elsa Terra da Mota.

De acordo com a voluntária, os irmãos têm «um papel muito importante», porque «acompanham e distraem inconscientemente» as crianças da doença, ao contrário dos adultos.

«Os irmãos tratam o tema com mais naturalidade, encaram a queda do cabelo de uma forma mais leve e têm um papel chave no seio da família ao entenderem o que se está a passar», explicou Elsa Terra da Mota.

De acordo com a Acreditar, todos os anos surgem em Portugal cerca de 300 novos casos de crianças com cancro. A Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, que tem como objectivo principal que «as crianças com cancro tenham as mesmas oportunidades, não só de sobrevivência, mas também de conquistar a saúde psicológica e física e crescer tornando-se adultos de pleno direito».


Tal como nos diz o texto, o caracter socio-afectivo é extremamente importante pralém do caractér científico. Um apoio psicológico e afectivo por parte de familiares e amigos é essencial para que o doente tenha força interior para superar a doença sem se debilitar emocionalmente perante todo o cenário que terá de enfrentar. Faz-se um apelo para que os preconceitos que existem na nossa sociedade e para que todos os amigos e familiares de pessoas com todo o tipo de patologias os apoiem nos momentos difíceis.


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Descoberto vírus que elimina células tumorais

Cientistas norte-americanos descobriram um vírus que reproduz genes capazes de localizar e eliminar tumores cerebrais em ratinhos.

Um dos aspectos salientados pelos investigadores é que esses genes deixam virtualmente intactos os tecidos cerebrais saudáveis e centram o seu ataque nas células cancerosas.

O estudo, publicado no The Journal of Neusoscience, foi realizado durante seis anos por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale dirigida por Anthony van den Pol.

O trabalho centrou-se na actividade do vírus «vesicular stomatis», seleccionado pela sua capacidade de atacar tumores cerebrais deixando os tecidos saudáveis em grande parte intactos.

«Este estudo mostra que o vírus entra no cérebro e chega mesmo às células que se afastam do tumor principal», referiu Harald Sontheimer, oncologista da Universidade de Alabama em Birmingham, não envolvido no estudo.

«Assumindo que o vírus se comporta de forma semelhante nos humanos, isso poderá, no futuro, configurar uma forma inédita e altamente eficaz de tratar tumores resistentes», acrescentou.

Células tumorais de cancros cerebrais que se desenvolvem tanto em ratinhos como em humanos foram implantadas em ratinhos imunocomprometidos que depois receberam uma injecção de vírus na cauda.

Através de proteínas fluorescentes comuns a células tanto dos tumores como dos vírus nos cérebros de ratinhos vivos, os cientistas viram como o vírus infectou várias zonas do cérebro e se disseminou por todo um tumor em três dias, deixando à sua passagem um rasto de células tumorais mortas.

Os autores do estudo garantem que o vírus não atacou células normais dos ratinhos nem células cerebrais humanas não cancerosas transplantadas para o cérebro dos ratinhos.

O vírus também se mostrou eficaz na destruição de tecidos cancerosos que têm origem na mama ou nos pulmões, os dois tipos de cancro que mais se propagam ao cérebro.

Segundo os cientistas, futuras investigações deverão centrar-se na compreensão dos potenciais riscos de segurança, incluindo a possibilidade do vírus infectar células normais do cérebro, e na exploração de possíveis alterações do vírus que possam mitigar esse risco.

«Temos algumas ideias para fazer com que o vírus seja seguro no cérebro humano», disse van den Pol. «Isso é importante para impedir que eventualmente o vírus infecte células cerebrais normais depois de atacar o tumor cerebral».


Uma doença tão nefasta e que faz sofrer milhões de pessoas em todo o mundo poderá vir a ter uma solução brilhante para todos os pacientes com esta patologia. Esperemos que se concretize a investigação e que todo o processo de inserção na saúde mundial seja breve e com sucesso.


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quinta-feira, 13 de março de 2008

Portugueses desvendam gene defeituoso

Uma equipa de investigadores portugueses descobriu um mecanismo que gera proteínas defeituosas numa doença genética comum em Portugal, a hemocromatose hereditária, e parece afectar ao mesmo tempo o sistema imune, noticia a agência Lusa.

No trabalho participaram investigadores de institutos ligados a universidades do Porto e de Lisboa.

A hemocromatose hereditária (HH) é uma desordem do metabolismo do ferro caracterizada pela deposição excessiva desse elemento nos tecidos, especialmente no fígado, e pode afectar duas a três pessoas em cada mil em Portugal, explicou a professora Maria de Sousa, co-autora do estudo.

Quando não diagnosticada e tratada, a doença pode dar origem a cirrose hepática, diabetes, impotência, problemas cardíacos e cancro do fígado.

«Nesta doença existe uma mutação num gene específico designado HFE que leva à produção constante de uma proteína com uma conformação imperfeita», precisou esta cientista do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Porto.

«A proteína fica como que «amarrotada» e é responsável pelo desencadear do mau funcionamento de diversos mecanismos celulares em doentes com hemocromatose», acrescentou.

«O nosso organismo tem formas de eliminar essas proteínas defeituosas, mas ao fazê-lo interfere numa molécula do sistema imune, essencial para a defesa do organismo a agressões externas», diz outro dos autores do estudo, Sérgio de Almeida, investigador no mesmo instituto da Universidade do Porto.

O estudo encontrou o «elo perdido» entre a resposta das células ao aparecimento dessas «proteínas imperfeitas» e o funcionamento do sistema imune.

Um óptimo exemplo para percebermos a coordenação e a interligação de todo o nosso organismo. Como um substracto pode interferir em todo um sistema. Deparamo-nos com a complexidade do ser humano.


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Cancro: «há mais riscos numa chávena de café»

O risco de cancro devido aos restos de pesticidas em alimentos, como frutas ou verduras, «é exagerado, pois há mais riscos de cancro numa chávena de café», mostra um estudo divulgado hoje pelo investigador Bruce Ames.
Ames, da Universidade norte-americana de Berkeley, expõe os resultados de um estudo efectuado em ratos que prova que, entre os factores causadores de cancro, uma pequena parte é devida a riscos ambientais e uma grande parte deve-se a má alimentação.
O cientista realça a necessidade de regular o limite máximo de fitossanitários nos alimentos mas defende que a sua ingestão comporta menos riscos cancerígenos do que o consumo de álcool. Adianta, inclusivamente, que «é pior deixar de comer verduras, o que afecta o sistema imunológico e causa doenças».
Ames explicou à imprensa que apenas um por cento dos casos de cancro resulta de factores ambientais - entre os quais a ingestão de pesticidas - enquanto que 30 por cento são derivados do consumo de tabaco e 35 por cento de dietas pobres em frutas e verduras e com um consumo exagerado de calorias.
Citando dados da União Europeia, as maiores «contribuições energéticas» dos consumidores europeus são as pizzas, o arroz, os bolos, as batatas fritas e os hambúrgueres, e não os vegetais. Em relação aos fitossanitários, o investigador afirmou que em três chávenas de café «há mais restos de resíduos cancerígenas» do que os fitossanitários que uma pessoa pode ingerir durante um ano comendo vegetais e fruta. Como exemplos, Ames apontou o risco 15 vezes superior de encontrar substâncias tóxicas num copo de vinho do que em 125 gramas de alface e esclareceu que, na cerveja, o risco seria nove vezes maior.
Segundo Ames, é um «falso mito» a ideia do dano extremo dos pesticidas químicos e frisou que as plantas muitas vezes produzem elementos tóxicos e cancerígenos naturais, pelo que «não é mais seguro ingerir alimentos ecológicos». A solução passaria, então, na opinião do especialista, por aumentar o consumo geral de frutas e verduras.
Por vezes descobrem-se coisas impensáveis para o senso comun. Contudo, é importante que a sociedade se consciencialize e tenha atenção nos seus hábitos diários.
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